Mais uma vez atacando de filósofa do cotidiano...
Vou-lhes contar uma historinha para começar a brincar de pensar.
Uma garotinha, desde muito pequena, começou a sonhar.
Primeiro ela criava seus sonhos a partir de coisas que aconteceram com adultos e que ela acreditava ser adimirável.
Depois, mesmo nunca deixando seus inocentes sonhos de criança morrerem, ela começou a sonhar os sonhos de outras pessoas. Pessoas que a garotinha amava e que ela nunca queria decepcionar.
Mas a menina cresceu e, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda guardava dentro de si seus sonhos da infância como se eles tivessem nascido toda manhã, ao acordar.
Como nunca quiz decepcionar as pessoas que ama, ela também carregava consigo a responsabilidade de realizar os sonhos dos seus entes amados.
Essa história ainda está sendo construída. E o final da história... o que deve acontecer? Se fosse novela da Globo, no meio do conflito teria um mocinho lindo de morrer e uma vilã invejosa para dar ação, mas tudo sairia bem no final. Ah! E o cenário seria ou Rio de Janeiro ou São Paulo, se duvidar, com escalas internacionais (menos no Japão nem na Líbia, lógico! Com o cenário atual desses lugares, não daria audiência...).
Na prática, a historinha não é tão ficcional. Quantas pessoas já deixaram de seguir seus sonhos em nome de uma "necessidade" mais urgente? Quantas pessoas já desistiram de correr atrás de seus sonhos por qualquer motivo que seja?
O fato é que, se deixarmos de sonhar um dia, tudo acaba. Somos movidos pelos sonhos. SOMOS DO TAMANHO DE NOSSOS SONHOS. Quando falo de sonhos não me refiro exatamente àqueles de quando estamos dormindo. Os sonhos que criamos quando estamos acordados, esses sim, movem o mundo.
Se não fosse assim, um gênio como Einstein não teria dito que "a imaginação é mais importante que o conhecimento".
Ora, se os filósofos e, posteriomente os cientistas, não tivessem tanta imaginação e curiosidade, possivelmente não teríamos tantos avanços tecnológicos hoje. Mas tudo partiu do nada, da imaginação, de sonhos.
Certamente, as proposições dessa observação que venho fazendo desde muito tempo (não lembro ao certo a quanto tempo) posso generalizar: um dia, mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas se perguntarão se realmente vale a pena se sacrificar em nome de um objetivo, isso se já não se perguntaram. Mas, com toda certeza, quando se chega a conclusão de que não existe a possibilidade de mudar de objetivo, nos sentimos mais determinados em alcançá-lo. Como se uma carga de energia renovadora fosse injetada na corrente sanguinea.
O futuro é incerto, as recompensas não tem tempo certo para aparecerem isso se vierem um dia, o desgaste físico e psicológico que devemos enfrentar na trajetória é imenso, existem mais coisas tentando impedir a realização de um sonho do que coisas para incentivar, isso é óbvio!
Qual o problema em querer pensar por si só? Qual o problema em querer fazer o que quizer (respeitando-se os limites de liberdade impostos pela sociedade: sua liberdade vai até onde começa a do outro)? Por que nossos objetivos sempre estão relacionados ao nosso meio social (futuro profissional, estabilidade financeira no futuro, enfim)?
Desde quando começamos a interagir com o meio social, somos induzidos a não pensar, não sonhar, não perguntar, não sair da realidade (sermos realistas e lógicos segundo as leis sociais)... Se começarmos a pensar, se sairmos do papel de expectadores e passarmos para o papel de atores principais no teatro da vida, com certeza, iremos desagradar muitas pessoas que conseguiram fazer o mesmo a mais tempo e hoje dominam a maioria.
Qual é o problema em idealizar, criar teorias que fogem ao pensamento comum, imaginar, não concordar com as atuais leis da natureza?
Hoje em dia, se disserem que várias pessoas se suicidaram quando descobriram que 2 não possúi como raiz quadrada um número inteiro, todos vão rir. Assim como um dia (confesso) eu ri quando uma colega de turma do colégio se emocionou ao ver a dedução matemáticada fórmula de Baskara e outra que acordou chorando porque em seu sonho percebeu que raiz quadrada de 3 não é um número inteiro... Parece besteira, mas atitudes como a que eu tive um dia, poderiam ter inibido o interesse de um futuro grande matemático ou de um grande pesquisador. Por que? Simples... não dão liberdade para desenvolver a curiosidade que temos na infância. Não nos adimiramos mas quando descobrimos coisas novas e quando alguém consegue essa raridade, é taxada de louco (ou sonhador). Achamos que filosofia é inútil e que o filósofo é só mais um louco, muitas vezes drogado que não fala coisa com coisa. Nossos limites estão sempre sendo testados e obrigados a dilatarem para podermos nos destacar na sociedade.
O perfil de um aluno de medicina? Um sonhador. Um idealizador. Não é um cara que se vê passeando de jaleco pelos hospitais ou descobrindo casos de doenças raras no estilo Dr. House mas que, na prática, vai pra balada no fim de semana e na volta pra casa já está pensando na próxima festa. Um aluno de medicina é, sobretudo forte. Não exatamente no físico, mas no psicológico. Forte para resistir aos convites de festa dos "amigos", para renunciar várias outras coisas de lazer para ficar em casa estudando, para passar horas sentado numa cadeira lendo, escrevendo ou apenas prestando atenção numa aula, para aceitar cobranças de todas as pessoas com o qual convive, direta ou indiretamente, para ficar longe das pessoas que ama para poder se concentrar mais nos estudos... Uma pessoa insistente, persistente. Além disso tudo, deve ser calmo e equilibrado. Uma pessoa tranquila para lidar com situações estressantes no futuro, seja nas provas (vestibular, residência médica, concursos públicos, etc) como nas emergências.
No geral, todo médico deve ser um sonhador, não apenas mais um capitalista que vê seus pacientes como ponteciais bons pagadores. Um médico humano é muito mais importante para essa sociedade doentia do que mais um cidadão potencialmente doente social. E isso é estatísticamente provado: a parcela da população que mais adoence gravemente (como um câncer), desenvolve patologias sociais como estafa física, mental e depressão são médicos.
Sonhar com um futuro cheio de vida e esperança para uma população e querer se incluir nesse sonho como um facilitador, não faz mal a ninguém. Pelo contrário.
Ao ver que muitas vezes as pessoas que tratamos vivem felizes com muito menos que temos, nos fará agradecer a Deus todos os dias pelas nossas conquistas e nos dá mais certeza que esse é o caminho que levará a satisfação pessoal.
Uma pessoa, sendo médica, advogada, engenheira ou pesquizadora, que não faz uma relexão para estabelecer metas, traçar objetivos e , sobretudo, ter a humildade de reconhecer que está no caminho certo para realizar seu sonho, não será o melhor profissional de sua área, mesmo tendo condições pois não estará sendo guiado pelo seu sonho e sim por uma lógica de mercado.
Bom, só para encerrar, voltando para a historinha da menina, preciso confessar que não terminei de escrever a história dela. Ainda estou construindo esse futuro. Diariamente, um capítulo novo. Podem ter certeza, quando ela conseguir realizar seu maior sonho, vou contar aqui todo o processo de conquista e quais serão os seus novos sonhos a serem conquistados.
Para todos um ótimo final de semana de descanço, para mim um ótimo final de semana de estudos. De qualquer forma, a todos nós...
FELICIDADES!
Nenhum comentário:
Postar um comentário