De certa forma, um tom de nostalgia esteve presente no meu inconsciente por um certo período da tarde.
Primeiro por ser uma visitação a uma exposição de arte. Me lembraram as tão divertidas excursões escolares do ensino fundamental, só que sem o relatório escrito para a próxima aula! Sinceramente, sinto falta desse tempo. Do tempo, não dos relatórios!
O outro motivo da nostalgia foi o próprio lugar. Esperávamos o professor de artes, Derrú, na Praça dos Três Poderes. Enquanto isso, me lembrava das férias que vinha passar aqui em Brasília. Das manhãs de passeios em que eu, no auge da minha sapequisse de 3 anos aproximadamente, corria livremente atrás dos pombinhos.

(Praça dos Três Poderes)
Não sei se o sol estava forte ou minha cabeça já está pensando por si só. São tantos símbolos em um lugar só, tantos significados que, geralmente, passam despercebidos pelas lentes das câmeras dos turistas e dos olhos apressados dos funcionários públicos...
Por trás das poses nas fotos, fiquei realmente pensando se aquele lugar tão amplo, seria mesmo o lugar onde a justiça e o direito se representam na sua forma máxima.
Por exemplo, um dia desses um homem, em sinal de protesto, tentou por fogo na bandeira nacional. Sim! Aquela grandona que parece dançar no céu do planalto central. Um ato isolado, único e solitário de protesto. O que aconteceu com o homem, não faço idéia mas, eu fico indignada ao ouvir que ele tentou fazer isso porque é louco. Não é um espaço de protestos? Exagerado, até concordo! Mas dentro do seu direito de cidadão em não concordar com a situação do país.

Ainda empolgados com tantos símbolos, nos identificamos com um dos monumentos. Os candangos. Na verdade, o único aluno brasiliense mesmo, ainda não tinha se juntado ao nosso grupo. Éramos então dois baianos e uma paraense, empolgados com a cidade, mesmo já tendo passado várias vezes nesse mesmo local.
Os candangos foram guerreiros. Os grandes heróis da construção civil. Se não fosse pela determinação, força e coragem deles, essa cidade tão linda não estaria completando seus 51 anos essa semana.
Não viemos construir casas, prédios, ruas ou monumentos. Mas estamos construindo o futuro de Brasília e do Brasil a cada ensinamento que recebemos e repassamos, em cada lição de vida que descobrimos, em cada momento de humanidade que cultivamos dentro de nós e prometemos repassar para as outras pessoas... Somos também um pouco de candangos, um pouco de heróis. Por querer construir um futuro que queremos ver belo para nós e para todas as outras pessoas.

Conhecemos também algumas pessoas hoje. Pessoas que, assim como nós, vieram para Brasília em busca de uma vida melhor. Pessoas que, testemunharam atos de protestos (como o do homem que queria queimar a bandeira) e a passividade de vários turistas. Pessoas irreverentes, que buscam no bom humor uma forma de encarar suas rotinas com maior leveza, diferente de muitos engravatados que circulavam não muito distante dali nos palácios e plenário, sérios, secos.

(Seu Manuel, vendedor de souvenirs!rsrs Perdão seu Gil, o poliglota, sua foto não coube.)
De dentro do palácio do planalto, nos sentimos grandes. Tanto quanto o presidente da república e os outros políticos que vemos na televisão e elegemos sem nunca ter visto de perto. Me senti até um pouco eufórica por passar pelo mesmo local em que, nesse mesmo ano, passaram também chefes de Estado e representantes de vários países e a primeira presidentA do Brasil. Eufórica também, por estar prestes a ver algumas das obras de arte mais importantes do modernismo brasileiro, de grandes artistas como a grande Tarsila do Amaral e Djanira. Criativas, contestadoras, decididas, doces, guerreiras, as mulheres do Brasil assumem, no Planalto, seu lugar na linha de frente da nação.

Informações valiosas sobre o passado dessas mulheres, artistas e, sobretudo, brasileiras, como eu, encharcaram nossas cabeças e nos acrescentaram conhecimentos que, certamente marcaram muito mais que uma rápida leitura sobre biografias e livros de história e artes. Afinal, a tão famosa obra "Abaporu" de Tarsila, é muito mais interessante e fascinante do que as imagens que sempre estão em todos os livros.
Finalmente, já na saída do Palácio nos deparamos com uma parede "especial". Nela estavam as fotos de todos os presidentes da república. Mais uma vez, nosso lado turista falou mais alto! Como eu desperdiçaria uma oportunidade de ter uma foto com Getúlio Vargas (Extremismos e ditaduras a parte, eu considero o cara um gênio! Opinião própria, okey?!)
e o Lula (também o considero de uma genialidade espantosamente imensa por trás da simplicidade do ex-metalúrgico), os dois de uma vez só?!

Enfim, creio que tivemos um dia altamente produtivo, culturalmente e socialmente também! A prova física disso está nessa enxaqueca que não me larga desde as 16:00 aproximadamente e a tensão no pescoço que anuncia uma torcicolo básica de hoje para amanhã! Fora as reclamações do corpo, a mente agradece infinitamente por essa tarde, e minha pessoa, como um todo, também. Afinal, sei que momentos agradáveis, tão ricos em cultura e companheirismo acima de tudo, serão únicos e estarão gravados em minha memória mais profundamente que a bela visão do planalto central que nos encanta e surpreende todos os dias...

Porque essas pessoas que convivem comigo dia após dia, toleram meus estresses, alegram meus dias, levantam meu ânimo e me fazem sentir que não estou sozinha nessa guerra do vestibular são simplesmente, os melhores amigos/companheiros/seres humanos que eu poderia escolher! Valeu gente!
Parabéns xinha!
ResponderExcluirgostei da forma que pôs os fatos desse dia maravilhoso que nos foi proporcionado.
akele abraço.